Toxicidade
O bisfenol A é um desregulador endócrino, ou seja, uma substância química que pode interferir com a produção ou a atividade de hormonas do sistema endócrino humano.
De acordo com o Programa Internacional de Segurança Química da Organização Mundial de Saúde, ainda há incerteza sobre a relação de alguns efeitos tóxicos na saúde humana e a exposição aos desreguladores endócrinos (1).
Tanto a Food and Drug Administration (FDA, Administração Federal de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos da América) como o National Toxicology Program (NTP, Programa Nacional de Toxicologia) têm mostrado alguma preocupação quanto aos efeitos exercidos sobre o cérebro, o comportamento e a próstata em fetos, e à contínua exposição do composto em bebés e crianças. O NTP apresenta uma preocupação reduzida quanto aos efeitos relativos à glândula mamária e à precoce puberdade do sexo feminino, tanto em fetos, como bebés e crianças que se encontram expostas ao BPA atualmente. A possibilidade de que o BPA pode alterar o desenvolvimento humano não pode ser descartada, de acordo com a NTP (1).
Em cooperação com o NTP, a FDA tem vindo a realizar estudos aprofundados para responder a perguntas-chave e esclarecer as incertezas sobre os riscos do BPA.
No local de trabalho, a exposição ao pó de BPA pode irritar os olhos, tornar a pele sensível, e causar dermatite, pele irritada, e eczema. O contato direto com o BPA pode queimar os olhos, lábios e pele. Quanto à inalação de BPA, esta pode levar a irritação do nariz e da garganta, e causar tosse e angina de peito. A exposição pode ainda causar dor de cabeça, náuseas, dor abdominal e vómitos (1).
O NTP não considera adequado atribuir os efeitos biológicos do bisfenol A exclusivamente no contexto da ligação do composto ao recetor de estrogénio α ou β. Um crescente número de estudos moleculares e celulares, in vitro, sugerem que atribuindo os efeitos de bisfenol A apenas a um mecanismo de ação estrogénico clássico, ou mesmo admitindo-o como sendo apenas um modulador seletivo do recetor de estrogénio (SERM), é excessivamente simplista. Para além da ligação aos recetores de estrogénio nucleares RctE e ERP, o bisfenol A interage com uma variedade de outros alvos celulares, incluindo a ligação a uma forma de ligação membranosa não-clássica do recetor de estrogénio (ncmER), um recetor nuclear órfão, recentemente identificado, designado por recetor gama relacionado com estrogénio (ERR-γ), um recetor de estrogénio com sete domínios transmembranares chamado GPR30, e um recetor de hidrocarbonetos de arilo de grupos arilo hidrocarbonetos (AhR) (2).
(1) U.S National Library of Medicine, Bisphenol A, acedido a 20/05/2015; Disponível em www.toxtown.nlm.nih.gov/text_version/chemicals.php?id=69.
(2) Chapin, Robert E., et al. "NTP‐CERHR expert panel report on the reproductive and developmental toxicity of bisphenol A." Birth Defects Research Part B: Developmental and Reproductive Toxicology 83.3 (2008): 157-395.
Perigo Relacionado com o BPA
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BPA e Diabetes
Este artigo conclui que a exposição oral prolongada ao bisfenol A induz intolerância à glucose e resistência à insulina em ratos em crescimento.
A diminuição da fosforilação do Akt no músculo-esquelético devido à alteração dos níveis de adipocitocinas no soro pode ser um dos mecanismos pelo qual o BPA induz intolerância à glucose.
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BPA e alterações cardíacas
Estudos epidemiológicos já tinham mostrado que a exposição ao BPA em humanos está associada a doenças cardiovasculares; no entanto, este estudo mostra os efeitos diretos do BPA sobre a fisiologia cardíaca.
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