Quão expostas estão as pessoas ao bisfenol A? Quais os grupos mais suscetíveis?
A maior preocupação quando nos referimos a substâncias químicas é se a exposição dos humanos às tais substâncias são em baixas concentrações, quais são essas substâncias, se estas podem produzir efeitos tóxicos, se estão presentes no meio ambiente em quantidades que possam ser uma ameaça à saúde humana e se existe uma concentração limiar até à qual estes agentes podem ser consideradas como seguros (1).
O bisfenol A (BFA) é uma substância capaz de promover alterações tanto no sistema endócrino como no sistema hormonal (1). Assim, uma vez que esta substância química é um dos maiores produtos químicos produzidos e utilizados comercialmente (2) e com base em vários estudos que verificaram a presença de metabolitos de BPA na urina, pode-se concluir que a maioria da população mundial é exposta a uma grande quantidade de BPA diariamente (2). A maioria das pessoas são expostas ao BPA através da dieta, pois o bisfenol pode migrar entre alimentos e comidas, através da embalagem de acondicionamento. Outros meios de contaminação é através da ingestão de água, contato com a mesma ou através do ar (3).
No entanto, existem grupos populacionais que estão mais exposto ao BPA, e assim estão mais suscetíveis a problemas futuros provocados por esta substância química. Em 2008, o National Toxicology Program (U.S. Department of Health and Human Services) lançou uma monografia (3) onde estimava que os grupos mais expostos ao BPA seriam os bebés e as crianças pois estes ingerem mais quantidades de comida e líquidos que contatam com embalagens que contêm BPA e respiram mais, comparativamente com os adultos. Além disso, os bebés e as crianças passam mais tempo no chão no qual realizam certos comportamentos de risco, tais como a ingestão de terra ou de itens de plástico, que pode aumentar o potencial de exposição ao BPA. O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) conduziu um estudo no qual analisaram 2517 urinas de crianças de 6 anos. Foi detetada a presença de BPA em 93% das urinas analisadas (4).
Também, mulheres grávidas devem diminuir a sua exposição ao BPA, pois um estudo concluiu que exposição pré-natal ao BPA aumenta a possibilidade de aos 6 meses o bebé desenvolver arquejamento (dificuldade em respirar) (5). Com base em estudos científicos realizados em animais, a exposição do feto, bebés e crianças a "pequenas" concentrações de BPA pode provocar alterações comportamentais e de desenvolvimento cerebral (3).
Outro estudo (6) encontrou em crianças do sexo masculino uma correlação positiva entre a exposição pré-natal ao BPA e maior probabilidade de desenvolver comportamentos agressivos e instabilidade emocional. Para as raparigas verificou-se um comportamento contrário.
Produtos utilizados por crianças que poderam conter BPA
Disponíevel em http://www.celsias.com/article/bpa-wars-continue/
(1) Matta, M.H.d.R.d., et al., Determinação de bisfenol A (BFA) em água mineral por meio de CG/DCE-uma nova proposta de metodologia para análise. Revista do Instituto Adolfo Lutz (Impresso), 2012. 71(4): p. 624-629.
(2) Hormann, A.M., et al., Holding thermal receipt paper and eating food after using hand sanitizer results in high serum bioactive and urine total levels of bisphenol A (BPA). PloS one, 2014. 9(10): p. e110509.
(3) Shelby, M.D., Potential Human Reproductive and Development Effects of Bisphenol A. 2010: DIANE Publishing.
(4) Calafat, A.M., et al., Exposure of the US population to Bisphenol A and 4-tertiary-Octylphenol: 2003-2004. Environmental health perspectives, 2008: p. 39-44.
(5) Spanier, A.J., et al., Prenatal exposure to bisphenol A and child wheeze from birth to 3 years of age. Environmental health perspectives, 2012. 120(6): p. 916.
(6) Perera, F., et al., Prenatal bisphenol a exposure and child behavior in an inner-city cohort. Environmental health perspectives, 2012. 120(8): p. 1190-1194.